Quem sou eu

Relato de quem já sentiu na pele. Desde pequeno, eu já sentia o peso da ansiedade. Lembro das noites sem fim, quando, ainda criança, checava se meus pais estavam respirando enquanto dormiam, temendo o pior. Morávamos no interior de Mato Grosso, nos anos 90, e não havia psiquiatras por perto. Para muitos, meus medos eram "frescura". Mas, para mim, eram muito reais, e deixaram marcas profundas. Essa fase, embora tenha passado, me custou noites de sono e uma perda de peso significativa. Esse primeiro contato com a ansiedade plantou em mim uma semente que, anos mais tarde, floresceria em uma paixão por entender a mente humana. Foi essa inquietação que me levou a perseguir a medicina, um caminho repleto de desafios e descobertas.

Logo após me formar em farmácia e bioquímica. Entrar na faculdade de medicina foi como abrir a porta para um novo universo, especialmente, quando me deparei com a neurociência e a psicofarmacologia. Foi aí que tudo fez sentido: o cérebro, com sua complexa rede neuroquímica e receptores e a psicofarmacologia me fascinou e eu vi a oportunidade de desmistificar os transtornos mentais e trazer luz a áreas pouco compreendidas.

Mas, desta vez, eu sabia o que estava acontecendo. Iniciei o tratamento rapidamente e, em um ano, estava recuperado.